domingo, 6 de janeiro de 2013

Distrito de Humldes/FSA-BA Sua História


História Detalhada de Humildes

Humildes


"O casario humilde, a igreja, algumas vendolas, e o chafariz, o grupo escolar, um pequeno bar, o alambique; o riacho correndo mando, o ar parado; manhã calma de inverno sem chuva.
Sempre que tenho oportunidade volto a Humildes. Lá estão minhas raízes. Terras de meus avós maternos, terra de minha mãe.
Certa época, fomos passar uns dias em Humildes, ficamos na casa do meu tio padre. Lembro-me, vagamente, da cena: eu, meu pai, minha mãe, meus irmãos. A casa antiga, o lampião aceso na porta.
Daí a uns três anos, fui passar as férias escolares em Humildes.
A festa da padroeira, os foguetes, a casa do meu tio cheia de gente, muitos padres, a mesa grande farta, meus primos, meus pais, meus irmãos. A cozinha, o fogão de lenha, o quintal. As janelas de guilhotinas pintadas de azul. a sala de jantar grande, o riacho ao lado de casa. O quintal com pomar, horta, pocilga, a criação de galinhas e a casa de farinha, o riacho atravessando o canavial. A conversa na cozinha com as empregadas: Teodora, Baia, Anaelela. Todas pretas, todas boas. Doce de banana enrolando na palha, manauês, deliciosos comidos com sofreguidão, sentada no tamborete da quitanda de Ana. Banho no riacho: água fria, água clara, água boa. Andar na beira do riacho para descobrir sua nascente.  Nunca. Medo de cobra, gritos. Catar flores em suas margens.
Pular o riacho, queda, choro lavar os pratos no riacho, sabão correndo pega sabão. Faca na mão chupa laranja, laranja doce, laranja boa. Carro na estrada, sair correndo, passou.
Adolescente, pernas compridas, cabelos ruivos, fita no cabelo, sombra de batom. Novena da padroeira, subir no coro da igreja, ouvindo as beatas de vozes esganiçadas. Escada rangindo, medo de queda. Cheiro de incenso. Descer as escadas correndo. Festa no adro da igreja, foguetes, coreto retreta. Mulheres vendendo doces, a bandinha tocando e eu de azul.
Rapazes rondando, primas da roça, tentando segurar meu braço. Descer a ladeira correndo, chegar em casa, cansaço. Dormir, acordar. Manhã seguinte. Largo embandeirado, missa foguetório, almoço, muita gente. A tarde bandinha no coreto, namoro, olhares, cochichos, risadas. Subir ladeira, rir para vida.
Fim de férias, voltar para casa tristeza. Lembro-me tudo isso, enquanto o riacho flui, carregando as minhas lembranças na manhã clara de inverno sem chuva."

         Ana Pires
__________________
A TARDE – 28/08/96




ORIGEM HISTÓRICA

As mais remotas referências sobre Humildes foram encontradas, no Livro de Registro de Batizado de São José das Itapororocas, no volume de 1752/62, fls. 78. Nesse referido livro encontra-se registro de um batizado realizado em Humildes, no dia 24/03/1759, filial da Matriz de São Gonçalo dos Campos, realizado pelo padre da freguesia, Pe. Manuel Gonçalves Couto. Tudo leva a crer que esse vigário foi o primeiro a dar assistência à vila. Naquela época, os batizados realizados fora da paróquia, eram registrados no local de origem. Tudo leva a crer que a capela seja ainda mais antiga. Em 1770, foram encontradas referencias sobre a nomeação do Pe. José Alves de Cerqueira, como capelão residente, e concede licença para várias festas na vizinhança. (FOLHA DO SERTÃO. 1998).

Igreja Matriz Nossa senhora dos Humildes, antes da reforma, 2000.
O escritor Wanderley Pinho, na sua preciosa “História de um Engenho do Recôncavo” (fls 231), em nota de rodapé, aponta a tradição popular com a crença de Romão Gramacho Falcão, como provável construtor da Matriz de Nossa Senhora dos Humildes. O valoroso bandeirante baiano das lutas de Jacobina, dos filões de ouro, mais tarde abrindo “Vereda” no coração do sertão, capitão-mor das Minas do Rio Contas, tão devoto de N. Senhora da Oliveira, com a imponente Matriz, onde dorme o último sono “como escravo de N. Senhora da Oliveira, 1772, membro da Academia dos Renascidos, teria deixado marcos da sua generosidade também em São Gonçalo e Mercês.

O registro do batizado em 1759, na capela de Humildes e o confronto biográficos de Romão Gramacho que naquela época encontrava na longa caminhada pela mineração (Pedro Tomás Pedreira, Borges de Barros e outros), leva-nos a recuar para o inicio do século dezoito, o aparecimento da capela de Humildes que certamente teria recebido ofertas e dádivas de rico sertanista que até enviou um cacho de banana, em ouro para o rei.

Pelo ano de 1838, a tranquilidade do povoado seria abalada com a ocupação das tropas da Sabinada (10/03/38), sob o comando de Higino Pires Gomes. Houve até escaramuça entre forças rebeldes e legalistas em Humildes, Terra Dura e Lagoa dos Porcos. Os revolucionários deixaram Salvador e se aquartelaram na Vila de Feira de Santana antes da dispersão.

Com a resolução provincial nº 794, de 13 de junho de 1859, Humildes até então filial de São Gonçalo dos Campos, foi desmembrado e elevado à condição de sede paroquial, anexando o território da nova freguesia à jurisdição da Vila de Feira de Santana. O primeiro pároco foi o Padre Olímpio Cândido de Barros, que em 1863, por ofício ao Presidente da Província, comunicava o desabamento do avarandado da Matriz do lado sul e pedia ajuda ao poder publico para a reconstrução. Também no mesmo ano concluiu-se o cemitério paroquial. O Arquivo Público do Estado, março nº 5221, sob o titulo de “Correspondência de Vigários com os Presidentes da Província”, conserva o relatório e a prestação de contas dos trabalhos então executados. O Padre Olímpio afazendou-se e alí morreu em avançada idade. Outros sacerdotes lhe sucederam como encarregados da paróquia e ninguém esquece a figura angélica e de simplicidade evangélica do Cônego Henrique Alves Borges que ali viveu de 1911 a 1959. Foi um exemplo de cura de aldeia. Em épocas diferentes, dois padres baianos, em Santo Amaro e em Feira de Santana, sob a invocação de N. S. dos Humildes, viveram como santos e legaram testemunhos de virtudes não comuns. Contam alguns populares que o Pe. Henrique não fazia questão de receber as taxas referentes aos atos celebrativos que fazia. Dava assistência a toda comunidade rural, montando no lombo de um animal, usando ainda um grande chapéu preto na cabeça a fim de se proteger do sol. Muito caridoso, ajudava a reconstruir casas em estados precários das pessoas que não tinha condições financeiras. Nas festas natalinas e da padroeira, costumava comprar peças inteiras de tecidos e distribuía com as pobres. Filho de simples agricultores, D. Policarpo e Sr. José Augusto, o menino Henrique nasceu na Fazenda Rio Fundo em Humildes, em 15 de março de 1870 e entrou para o seminário com mais ou menos 30 anos. Ordenou-se em 7 de dezembro de 1910 e foi nomeado em janeiro de 1911,vigário da freguesia de seu nascimento. Faleceu em paz e realizado com a sua vocação em 21 de abril de 1959, com 89 anos de idade, seus 49 anos de sacerdócio foi totalmente dedicado a sua comunidade, exercendo a caridade e pregando amor e humildade entre as pessoas.

No dia da sua morte, Humildes parou e chorou a perda do seu grande líder espiritual. Contam alguns populares que mais parecia um grande dia de festa, pois as ruas ficaram repletas de fiéis da localidade e da redondeza. Os anos passaram e até hoje o povo não esqueceu o trabalho edificante que o Cônego Henrique realizou neste distrito.




A VIDA SOCIAL E POLITICA DE HUMILDES (ONTEM)

“A vida social e política de Humildes, está retratada ao vivo no Livro de Notas do Escrivão do Juízo de Paz do Distrito da Capela de Limoeiro de Vila de Sant’Ana de Feira, aberto em 28 de outubro de 1846, que se encontra no Arquivo da câmara de Feira de Santana. Ao lado da religiosidade popular, famílias patriarcais, da opulência de poucos e da miséria de muitos, as senzalas proliferam com lagrimas e martírios. O comercio de escravo era intenso. O livro apresenta, compra, venda, doação e até hipoteca de propriedades, sob a garantia de escravos. Aparecem até como presentes de aniversario ou nascimentos de netos “uma escrava Cabrinha de Vitorina”. “Criolinhos” e proprietários com quase uma centena de escravos. O livro registra ainda procuração para se anular ação civil ou criminal entre parentes.

É sabido que na abolição houve abaixo-assinados de Humildes contra a Lei Áurea. A família Boaventura se destaca como representante da oligarquia rural, como senhores de engenhos, sempre desavinda nas lutas políticas. Em 1872 desenrolaram-se conflitos com duplicatas de mesas receptivas, uma presidida pelo primeiro Juiz de Paz e outra pelo segundo. As divergências se desenrolavam dentro do mesmo Clam na dura disputa pela chefia local, entre o capitão João Manoel de São Boaventura (veja-se, respeito, a Ata da sessão do Conselho da Câmara, aos 08.11.1872).

Mas as eleições se realizavam no interior dos templos, apesar dos reiterados protestos do Arcebispo. Houve em Humildes alegações de coações, gente armada e até presença de criminosos ao lado de misérias. As lutas pessoais ou partidárias dos Boaventura de Humildes e arredores, como sombras de quadro, mais ressaltam a nossa admiração pelo Padre Ovídio Alves de São Boaventura, originário desta aristocracia fundiária, dentro de uma época da arrogância e poderio, soube romper com tudo isso em verdadeira opção pelos pobres e pelos mais humildes. Concedeu alforria antes da abolição que tanto sonhara e depois se vinha dizer que o Padre brasileiro era acomodado às situações e até comprometido com as injustiças sociais.

A atual vila de N. S. dos Humildes, à margem de BR 101, no silêncio das chácaras e quintais, com a velha Matriz cercada de gradil de ferro, bem no estilo português, na larga rua em forma de praça, viu sucessivamente, desde o Brasil setecentista, o vaqueiro, a bota dos sertanistas, as moendas dos engenhos, a opulência do tabaco, a prepotência de feitores, capitães do mato e o gemido do escravo, a marcha do revolucionário, o confronto de liberais e conservadores.

Hoje a chaminé das indústrias de cerâmicas e o repique dos velhos sinos anuciam e relembram novos caminhos que se iniciaram com caminhadas e penetração do recôncavo para o interior (texto transcrito conforme original - FOLHA DO SERTÃO - 1998).

ASPECTOS GEOGRÁFICOS DO DISTRITO DE HUMILDES

LIMITESHumildes está localizado à margem da BR 101 e 324, limitando-se:

Norte -  Feira de Santana e São Gonçalo dos Campos;
Sul - São Gonçalo dos Campos e Santo Amaro;
Leste – Coração de Maria, Conceição do Jacuípe  e  Santo Amaro;
Oeste – São Gonçalo dos Campos.

Tendo como vista principal a Matriz de Nossa Senhora dos Humildes, cercada de grades de ferro, bem ao estilo português, no centro de um larga rua em forma de praça. 




http://maps.google.com.br/maps?hl=pt-BR&q=haverem&gs_sm=e&gs_upl=2880787l2882960l0l2886065l7l6l0l0l0l0l714l714l6-1l1l0&biw=1024&bih=677&um=1&ie=UTF-8&sa=N&tab=wl



      Humildes apresenta-se com terras úmidas e férteis, e em pleno massapê, com clima favorável às agriculturas próprias do Recôncavo e o único privilegiado pela natureza, por ser o que possui água de boa qualidade, regada pelo Rio Subaé, ligado ao ciclo de açúcar, assimilando os hábitos de Santo Amaro pelo seu desenvolvimento e plantio de cana-de-açúcar. Sendo, portanto, privilegiado pela natureza com água boa e em abundância. Por esse motivo sempre foi cobiçado por imigrantes de outros distritos do município de Feira de Santana. 
No final do´seculo XVII, em Lagoa dos Porcos, Belmonte, Peregrino, Quebra-Cangalha, Turí e outros destacavam-se também canaviais com seu engenhos.

VISÃO PANORÂMICA:

Humildes têm como vista principal a Matriz de Nossa Senhora dos Humildes, cercada de grades de ferro, bem ao estilo português, no centro de uma larga rua em forma de praça. As casas quase não são vistais ao longo pelo fato de serem cobertas por frondosas árvores frutíferas como: jaqueira, coqueiros, mangueiras, goiabeira, jambeiros, etc.

CLIMA, VEGETAÇÃO E HIDROGRAFIA

O Distrito de Humildes apresenta-se com clima tropical, vales úmidos e férteis, em pleno massapé, favorável as culturas do recôncavo. É o único privilegiado pela natureza, por ser o que possui água de boa qualidade, regado pelo Rio Subaé, com uma vegetação exuberante e sempre verde de plantas rasteiras, árvores de pequeno e médio porte, grande variedade de capins, caiçaras, licuris, entre outras. Algumas regiões ainda são cobertas por densas matas como é o caso da fazenda Subaé, próxima à Pampalona, com reserva de sucupiras, embaúbas, landirana, tapororoca, paparaíba e ingaçu.

RELEVO:

O distrito de Humildes está localizado numa área de terra, ligeiramente acidentada, possuindo pequenas elevações que não são classificadas como serras ou montes. Dessa forma, o que mais predomina são vales e depressões.

PRAÇA, RUAS, LOTEAMENTOS E COMUNIDADES:

Nos últimos dez anos, Humildes vem crescendo gradativamente. Se antes contávamos apenas, com a praça e algumas ruas, hoje já temos até loteamentos. A praça da Matriz, também conhecida como Capitão Costa, a rua Cônego Olimpio que mais parece uma avenida, a Rua da Salgadeira, (por certo este nome tem origem na “Salgadeira” que havia aqui no passado), Rua do Bambu, Rua Juraci Magalhães (antiga Rua do Tanque), Rua São salvador, Rua Joselito Amorim, Rua Alto do Cruzeiro, Rua do Cajueiro, são as mais antigas. Entretanto com o crescimento da população, outras ruas vão se formando:
Rua N. S. dos Humildes
Rua da Saudade
Rua Lirio dos Campos
Rua Flor de Lins
Rua Fróes da Mota
Rua Padre Henrique
Rua Fernando Alves
Rua das Rosas
Rua Castanha do Pará
Rua da Jaqueira
Rua Recife
Rua Santo Antonio
Rua Fernando Mascarenhas
Rua Mineiro...

LOTEAMENTOS:

Conj. Planolar
Lot. Marta Muth
Lot. Boa Vista
Lot. Kamila
Lot. Genésio Moreira

COMUNIDADES E POVOADOS


Fulô
Doutor
Onça
Caruara
Terra Dura
Pau Seco
Tanquinho
Rosário
Campestre
Borda da Mata
Santa Cruz
São José
Escoval
Almeida
Aparecida
Ferroubilha
Bom Viver
Caboronga
Vila Fluminense
Vitória
Caetano
Alecrim
Barroquinha
Boa Esperança
Lagoa do Peixe
Pau Ferrado
Pau da Légua e outros





Vista superior da Igreja da Matriz reformada. 


ASPECTO ECONÔMICO – ONTEM E HOJE

A economia do Distrito, sempre teve a sua base na agricultura e na pecuária. Entretanto, com o passar do tempo, foram surgindo outros meios de produção, como as olarias, os alambiques, a salgadeira, os armazéns de fumo, a casa do polvilho etc. 

As olarias tiveram a sua origem a partir da descoberta de grande quantidade de argila de boa qualidade, nesta região. A principio, elas ofereciam produtos manufaturados: telhas, tijolos, fornos pra casa de farinha, etc. Com o surgimento da máquina movida a óleo (Após a Segunda G. Guerra Mundial), as simples olarias ganharam pujança de indústria de cerâmica e passaram a produzir bem mais, em quantidade e em qualidade. Como aconteceram com as Cerâmicas Ponte Grande, do Sr. Albino Brandão e família, a Cerâmica Paraíso, do saudoso ES administrador, Sr. Anacleto Brandão (Betinho), e a Cerâmica Caetano, do saudoso benemérito, Genésio Moreira. Vale ressaltar, que muitas olarias ainda funcionam com produtos manufaturados, como a Santo Antonio de propriedade do Sr. Arnol Alves de Freitas.

A cerâmica Ponte Grande, se destacou entre as demais, por ter sido localizada em terreno com grande quantidade de argila preta, capaz de produzir telhas especiais e de grande aceitabilidade em todo o país. Esta empresa foi a terceira cerâmica no Estado da Bahia no tocante à quantidade de produção.


OS ALAMBIQUES:

Os alambiques também contribuíam com a economia do distrito. Eles estavam em evidência até por volta da Revolução de 1964. A matéria prima utilizada era a cana de açúcar, muito produzida na região. Eles aproveitavam e beneficiavam os derivados da cana, destilando o álcool, aguardente (cachaça), vinagre, etc. Apesar dessa atividade ter sido desativada, ainda existe um em funcionamento na Fazenda Bom Viver. Todavia, tivemos conhecimento, de que o mesmo já não distila mais, apenas faz distribuição de outros produtos. (Informações obtidas com moradores da região).

SALGADEIRA:

A salgadeira também faz parte das atividades econômicas da região. A sua função especifica era a de curtir e salgar couros para a exportação. Pertencia Sr. Albino Brandão e esteve em funcionamento, por volta dos anos 40, do séc. XX. Daí. A origem do nome, “Rua da Salgadeira”.

ARMAZÉM DE FUMO:

Outro produto contribuiu com a manutenção do povo humildense, foi o fumo. Isso aconteceu por volta dos anos de 40,50..., esta informação tem como fonte um relato da “Revista Renascença” de Feira de Santana , em 1952: “...O Sr. Genésio Moreira é um grande benemérito do lugar porque na qualidade de enfardador de fumo abriga mais de duzentos operários e todos são assistidos com humildade...” Nessa época, o administrador era o Sr. João Moreira. (Revista Renascença – 1952).

CASA DE FARINHA – POLVILHO:

Existiu no período da II Guerra Mundial. A sua função era a de beneficiar a farinha de trigo para o fabrico do pão que abasteceria a região. As informações obtidas foram através de moradores que acompanham a história da sua comunidade.

A IMPLATAÇÃO DE NOVAS INDÚSTRIA:

Com a construção da BR 101, no inicio da década de 70, outras fontes geradoras de emprego foram sendo implantadas, como a Sapelba (Fábrica de Papel da Bahia S/A), que produz caixas, sacos de embalagens, papeis diversos, etc; Rede Flecha, de restaurantes e hotéis, Rede Subaé de postos de combustíveis, outros postos como Nacional e Coqueiro; fábricas de sucos, Maraú  (já extinta); fábricas de beneficamento de leite – Agroparma (extinta); Utiara, (Fechada) e em plena atividade, a Brasfrut, que atua com congelamento de polpas de frutas e sucos. Além destas, ainda temos a Frifeira, Avipal, granjas, pocilgas, Rigesa, Belgo, Nestlé, Mercúrio e outras.
Apesar das empresas trazerem empregos, trazem junto prejuízo ao Meio Ambiente e a exploração exagerada dos recursos naturais.


AGRICULTURA:

Quanto à agricultura (base de subsistência primária da população em toda histária da humanidade), passou por varias fases, conforme o contexto histórico. Na grande obra do escritor Wanderley Pinho, “historia de um Engenho do Recôncavo”, em nota de rodapé: “Humildes tem as moedas dos engenhos, a opulência do tabaco,...” (Folha do Sertão 22/08/98). Com base no trecho lido, chegamos a perceber que os produtos de base econômica vão se sucedendo ao longo dos anos.

A MANDIOCA E AS CASAS DE FARINHAS:

A produção de mandioca foi considerável até por volta dos anos 70 mais ou menos. Muitos agricultores cresceram com o fabrico da farinha de mandioca, a tapioca e o beiju. As casas de farinha que também faz parte das indústrias manufatureiras só conheceram a força da máquina a partir dos anos 70. Antes, porém, o trabalho de ralar a mandioca passava pela força braçal dos homens e das mulheres de modo geral. Trabalho rude e pesado sem grandes produções. Porém no final do século XX, já contávamos com a casa de farinha elétrica. Entretanto, a produção de mandioca já havia declinado desde os anos 80, devido à introdução de outras culturas que falaremos a seguir.

Paralelo ao cultivo da mandioca estava também à produção de frutas da região. As árvores frutífera como jaqueiras, mangueiras, coqueiros, laranjeiras, limeiras etc., também contribuíram na economia da região. Estes produtos eram comercializados aqui e em Feira de Santana. As sacas de farinha também eram levadas em lombos de animais para o centro da cidade e comercializadas em feira livre, na Rua Marechal Deodoro. Os produtos saiam bem cedinho nas segundas-feiras e só retornavam à tardinha ou a noite. É oportuno dizer que com o advento de novas indústrias na região, a produção foi deixando de cultivar a terra, para exercer funções diferenciadas que, segundo alguns agricultores, são mais gratificantes. Entretanto, como tudo tem seu preço, as indústrias da redondeza não foram suficientes para absorverem a mão de obra existente, em decorrência populacional. Com a queda da mandioca e da produção frutífera das chácaras, outra atividade vem ocupando o lugar.

AS HORTAS:

As hortaliças são as mais recentes atividade da região. Ultimamente as árvores frutíferas estão sendo substituídas por vastas plantações de alface, couve, cebolinha, coentro, salsa, jiló, entre outros. O que favorece o cultivo das hortaliças, é a quantidade de água existente no solo subterrâneo do Distrito de Humildes. Estes produtos são vendidos no mercado da cidade e também levados à capital.

A PECUÁRIA:

O criatório de gado sempre esteve presente nas atividades econômicas desta região. No entanto, o seu desenvolvimento se deu de forma tímida, devido à ocupação das terras com a agricultura. Todavia, existem inúmeros fazendeiros de médio e grande porte que estão empregando técnicas modernas em benefício dos seus rebanhos. Os tipos de gado mais criados são bovinos, suínos, ovinos, equinos e outros.
Em muitos casos, o gado é criado de forma primária, sem nenhum acompanhamento por parte de profissionais, aproveitando as pastagens de caminhos e ou estradas. Vele ressaltar que também existem na região. Algumas fazendas com criatórios de várias raças e técnicas de resfriamento do leite e aproveitamento dos seus derivados.
Outro avanço na pecuária de Humildes é a criação de suínos, que vem sendo desenvolvido na Pocilga Gujão, localizada entre a Borda da Mata e o Campestre . Além de fornecer emprego, ela oferece produção de boa qualidade para Feira e região.

Além da criação de gado, existem, no distrito, outros tipos de criações animais como:

AVICULTURA: criação de aves para o abate, produção de ovos e criação de avestruz.
APICULTURA: criação de abelhas para a produção de mel.

Vale ressaltar que a pesquisa apresentada não descarta a possibilidade de haver outras produções existentes. Dessa forma, será bem vinda qualquer informação que por ventura venha a enriquecer o nosso trabalho.

O SETOR COMERCIAL

O comércio de Humildes, em épocas passadas, já fora bastante expressivo. A Revista Renascença, em 1952, relata que: “Humildes possui várias casas comerciais, uma boa pensão...” Contam alguns moradores que já houve pra mais de seis lojas de tecidos e de boa qualidade, vários armazéns de secos e molhados, as feiras livres ao lado do Mercado da Praça, onde se comprava farinha, carne, cereais, verduras, frutas, etc. Na época em que quase não havia transporte e as estradas eram ruins as compras e vendas eram feitas todas no local, proporcionando o crescimento do lugar. Entretanto, com a abertura e melhoria das estradas e a facilidade de transporte, a população se desloca para Feira de Santana, onde pode efetuar outras ações.

Atualmente, Humildes conta com vários mercadinhos, alguns armarinhos, contendo material didático e outras variedades de objetos, alguns bares/mercearias, lojas de roupas, comércio de móveis e eletrodomésticos, diversas lan-houses, o velho abrigo no ponto de ônibus, restaurantes, lanchonetes, pizzarias além de vários points de alimentação rápida (na praça do mercado) e kiosks (na praça da igreja), que oferecem bebidas, som ao vivo e pratos variados da culinária baiana.

Há alguns anos o abastecimento de pão do distrito era de Feira, Amélia Rodrigues, Conceição do Jacuipe... Hoje já existem três ou quatro padarias, oferecendo produtos diversificados e de boa qualidade.

Os bares que antigamente eram bem frequentados foram transformados em pequenas mercearias, pois os mesmos deixaram de ser ponto de lazer, devido a introdução de outras opções.

O MERCADO MUNICIPAL – HOJE

O mercado Municipal era na praça da Matriz, como já foi dito anteriormente. Com o crescimento populacional e devido as suas precárias instalações, ele foi transferido para a Rua Cônego Olimpio, próximo do Colégio Padre Henrique.

Mercado Municipal .
As atividades desenvolvidas são praticamente as mesmas, pois o “freguês” encontra boa farinha de mandioca, beiju, tapioca, tubérculos, cereais, frutas, verduras e os açougues que hoje funcionam com mais qualidade, um serviço de bar-restaurante, entre outras variedades. O novo prédio conta também com sanitários e água encanada.

O POSTO DE SAÚDE

O posto de saúde foi construído na administração do Sr. João Moreira, na década de 50, do século XX. (Ver. Renascença -1952). Antes recebia o nome de “SUB PREFEITURA” pois aí aconteciam as atividades burocráticas da administração. O atendimento na área da saúde se refere a curativos, aplicações de injeção, aferimento de pressão arterial, atendimento médico e odontológico etc.

O referido prédio já passou por varias transformações, buscando atender melhor a clientela. Vários serviços à comunidade foram prestados lá: Antigo Posto Telefônico, Cartório de Registro Civil, Correios, antiga Delegacia, antiga “Corea” (sala para detentos) etc.


Policlínica de Humildes.
Muito embora o Posto de Saúde venha prestando relevante trabalho ao longo desses anos, servindo de lenitivo às pessoas desta comunidade, muita coisa ainda precisa ser feita para que o povo tenha uma melhor qualidade de vida. Nos últimos 9 anos temos contado também com os serviços dos agentes de saúde, que muito tem contribuído na conscientização da população, quanto à prevenção de doenças. É um acompanhamento feito às famílias, no seu cotidiano.
Atualmente, o distrito conta com dois postos de serviços que prestam atendimento por áreas e microáreas específicas. Já  no espaço do antigo posto de saúde funciona a Policlínica de Humildes, a qual e dispõe de uma ambulância e presta atendimento médico por 24 horas. 



O CHAFARIZ

Lavanderia pública Genésio Alves Moreira
O chafariz é outro setor público que vêm prestando serviço no fornecimento de água desde a década de 70. Antes da água encanada a população de deslocava para lá, trazendo água em latas, baldes, para as necessidades domésticas. A água do chafariz era oriunda de uma fonte conhecida como Veneza, da propriedade do Sr. Genésio Moreira. Além do fornecimento de água, o chafariz funcionava também como lavanderia, principalmente para as pessoas que lavavam roupas de ganho. Infelizmente hoje este serviço está suspenso e a comunidade está clamando pela sua reabertura, pois faz muita falta às famílias que não possuem boas instalações hidráulica em suas residências.

Com a implantação dos serviços da EMBASA, na década de 80, o abastecimento da água foi facilitado para os moradores. Vale ressaltar que a água distribuídas pela empresa é genuinamente nossa e o poço artesiano fica próximo à Lagoa do Mendes, conhecida como “Lagoa Encantada”.



OS MEIOS DE TRANSPORTE

O Distrito de Humildes sempre esteve à frente na evolução de transportes. Contam alguns moradores que o primeiro carro da região foi adquirido por moradores daqui (o modelo “Mercedes” e o “Benz”). Sabemos que todas as localidades no Brasil, foram de origem rural. Mesmo as grandes metrópoles passaram pelo serviço de animais, carros de boi, a cavalos e etc., todavia, com o seguimento do motor a óleo e à gasolina, os meios de transportes foram evoluindo.

Dos anos 50 em diante, os modelos mais conhecidos eram os caminhões (pau-de-arara), que transportava mercadorias e passageiros e ainda são utilizados em muitas regiões. Em outra época o Distrito foi servido por ônibus que vinham de São Gonçalo, Cruz das Almas, Muritiba e passavam por aqui, levando as pessoas pra Feira de Santana. Esse transporte, não era suficiente, pois os carros já vinham cheios e os passageiros daqui, viajavam em pé. Entretanto, a partir dos anos 70, algumas empresas já faziam essa função, diretamente de Feira a Humildes, com mais eficiência. Nessa mesma década, foram surgindo o transporte alternativo feito por Kombis e atualmente já existem frotas de carros modernos fazendo a linha de Humilde a Feira, com: Bestas, Sprinter, Vans, etc. Já contamos até com serviço “Mototáxi”.

OS MEIOS DE COMUNICAÇÂO

Os meios de comunicações já são bem expressivos. No entanto, o serviço dos Correios já foram melhores. Já houve no Distrito uma Agência dos Correios, via Salvador, há 50 anos atrás e uma linha telefônica via São Gonçalo dos Campos, pertencendo ao Sr. Genésio Moreira. Em 1976 houve a implantação de um Posto de Serviço credenciado, que atendia amplamente às necessidades da comunidade: desde o recebimento de cartas até postagens das mesmas. O sistema telefônico, através de um Posto de Serviço, entrou em funcionamento no final de 1983. Dois a três anos depois já atendia algumas residências, sendo que hoje, quase todos os moradores já possuem linha telefônica.

Além das correspondências escritas, temos o rádio, a televisão (em quase todas as residências); o fax e o computador que já está sendo bem introduzido no cotidiano das pessoas. Quanto a jornais e revistas são adquiridos no centro da cidade.

Atualmente o distrito dispõe ainda dos serviços de internet banda larga, pagos e gratuitos.

RELIGIÃO

Tudo começou com povos católicos, descendentes de Portugal. Dessa forma, a primeira religião praticada na região foi a católica, principalmente porque a vila foi sendo construída com a vinda as famílias para a festa da padroeira. (Contam populares, que o povo construía suas casas próximas da Igreja, para aproveitar melhor os dias de festa). Contam moradores, que a implantação de outras igrejas só aconteceu a partir de 1970 em diante. Hoje, já existem várias espalhadas por toda a região.

A Matriz de Nossa Senhora dos Humildes foi totalmente restaurada e entregue à comunidade no final do século XX. O grande patrimônio histórico teve a sua beleza ameaçada. Entretanto, graças à intervenção dos moradores e juntos as autoridades competentes, conseguimos, através do FAZCULTURA, o restabelecimento da grande obra secular. A reforma da Igreja de Humildes custou 800 mil reais, captados através do FazCultura na rede de supermercado BomPreço. A obra foi realizada pela Empresa Serra Valle, através da Fundação Senhor dos Passos.
Igreja Matriz Nossa Senhora dos Humildes, após a reforma, final do século XX.

Atualmente existem varias denominações evangélicas no Distrito: Batista, Assembléia, Adventistas, Testemunhas de Jeová, Cristã do Brasil, Universal, Noiva de Cristo e outras.

ESPORTE E LAZER

Quadra esportiva.
Quanto ao esporte, o mais praticado é o Futebol, Basquete, Baleado e alguns jogos como a Argolinha que vem predominando de alguns anos pra cá. Recentemente, vem sendo desenvolvidas as corridas de motos (Motocrox), aqui no distrito, onde atraiu pilotos de várias localidades. Para isso, o distrito dispõe de uma quadra esportiva e um ginásio de esporte.





EDUCAÇÂO

Em épocas passadas, as escolas funcionavam em casas alugadas pela prefeitura ou cedidas pelos moradores. O primeiro grupo escolar a ser construída foi o Colégio Estadual Padre Henrique Alves Borges, com 2 salas, tornando-se Grupo Escolar alguns anos depois.
Escola Municipal Antonio Brandão de Souza.

Existem muitas escolas municipais distribuídas pelo distrito, oferecendo o Ensino Fundamental de 1ª a 4ª série, do 1º grau, entretanto a que mais se destaca é a da sede, Escola Municipal Antonio Brandão de Souza, que fora construída apenas com 4 salas, na década de 70 e ampliada para 10 salas e um depósito, uma cantina, uma diretoria, uma secretaria, quatro banheiros, em 1986. Esta escola funciona nos três turnos, absorvendo mais de mil alunos e está aberta a comunidade, nos fins de semana, para trabalho com idosos, cursos da Escola de Fé e Vida, catequese, associações, congressos etc.

Colégio Estadual Padre Henrique Alves Borges
O Colégio Estadual oferece até o ensino médio. Outros cursos são feitos em Feira de Santana, onde muitos alunos se deslocam para lá, devido à maior oferta de vagas e variedades de cursos.




FESTAS POPULARES

As maiores festas populares litúrgicas sempre foram as comemorações da Páscoa e a festa da padroeira. Contam alguns moradores que as ruas ficavam repletas de fiéis de todos os lugares próximos daqui, durante a Semana Santa e nos dias dos festejos alusivos à mãe de Jesus.

Segundo trecho das cartas de Vilhena, “...entre as muitas igrejas e capelas que há no termo de Cachoeira e bem assim a N. Senhora dos Humildes; de grande devoção aonde concorrem romeiros (peregrinos) de diferentes partes, tem esta a sua irmandade que faz uma grande festa no mês de janeiro, assim como os oficiais da Semana Santa; dista seis léguas da cachoeira” (Vilhena, vol.11, fls. 506/507). Segundo o relator das cartas, a festa tem a seu favor, um lastro de duzentos anos. (texto transcrito conforme original).

A festa era realizada atendendo o lado religioso e felclórico. Porém, nos tempos modernos, aonde a violência vem intitulado-se em todos os setores sociais, a Diocese de Feira de Santana, resolveu suspender estas manifestações, prevalecendo o caráter místicos e evangelizador.

MANIFESTAÇÕES FOLCLÓRICAS

Os usos e costumes do povo humildense, são as cantigas de reis, as festas juninas, os carurus de setembro, as pipocas de São Roque, as rezas, a lavagem da igreja na festa da padroeira, o bumba-meu-boi, a cavala, a capoeira, o samba de roda, candomblé, cantigas de ninar, medicina caseira, presépio, mulher rendeira, o vaqueiro, etc.


Texto elaborado pela Profª Antonia dos Santos Oliveira.
Participação da equipe de trabalho.

FONTES BIBLIOGRÁFICAS:

Folha do estado - 1998
A Tarde - 1996
Revista Renascença - 1952
Galvão, Renato Mons. – Historiador de Feira de Santana – 1991
Informações de populares.


2ª Parte

História documentada 




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