sexta-feira, 30 de maio de 2014

Oposicionistas vão à Justiça para tentar anular votação que elegeu Zezéu Ribeiro

Em contrapartida, o presidente da Assembleia disse que vai ao Conselho de Ética contra os deputados Elmar Nascimento e Paulo Azi por quebra de decoro

Como resultado do confronto, a bancada de oposição na Assembleia anunciou, ontem, que vai entrar na Justiça para tentar anular a votação que elegeu o deputado Zezéu Ribeiro (PT) para o TCE. Com base nas acusações de que a base aliada foi obrigada a fotografar cédulas, a oposição argumenta que os governistas cometeram ilegalidade ao quebrar o sigilo de voto. 


“Eles (os deputados governistas) foram coagidos e obrigados a tirar fotos dos seus votos para mostrar que não iriam votar contra o governo Jaques Wagner. Vamos recorrer à Justiça”, afirmou Carlos Gaban. 

Em contrapartida, o presidente da Assembleia, Marcelo Nilo, disse que vai ao Conselho de Ética contra os deputados Elmar Nascimento e Paulo Azi por quebra de decoro. “Vou levar a situação na segunda-feira para o conselho”, disse Nilo.

Deputados no ringue
A votação para eleger um dos novos conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE) transformou a Assembleia Legislativa em um ringue, na madrugada de ontem, com direito a empurra-empurra, ameaças, gritaria e acusações entre deputados da oposição e da base aliada. A confusão, que recriou na Bahia cenas semelhantes aos confrontos no Parlamento de países asiáticos, foi o ato final de uma sessão marcada por tensões e reviravoltas. 

Antes da temperatura subir, a Assembleia estava dominada pelo rolo-compressor da bancada governista. Primeiro, aprovou com folga a ida do deputado estadual João Bonfim (PDT) para uma das duas vaga abertas no TCE. Em votação secreta, o pedetista obteve o apoio de 52 colegas. Outros nove deixaram a cédula em branco. 
   
                        

 Parlamentares governistas e da oposição
                                                                       entram em confronto no plenário da Assembleia
                                                                             após votação (Reprodução/TV Assembleia)
Em seguida, a tropa de choque do Palácio de Ondina começou a sofrer os primeiros contra-ataques da oposição. Mesmo assim, conseguiu margem suficiente para eleger o nome indicado pelo governador Jaques Wagner (PT) para o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). Com 47 votos a favor e 11 contra, o deputado federal Mario Negromonte passou pelo crivo da Casa. 

Virada
Na terceira eleição, a única em que houve bate-chapa, um golpe surpresa levou a base aliada à lona. Ao contrário do que era esperado, o deputado estadual Carlos Gaban (DEM), que entrou no páreo como azarão, recebeu 28 votos, contra 27 do deputado federal petista Zezéu Ribeiro, franco favorito. Contudo, o regimento da Casa exige maioria simples, ou seja, 32 dos 63 votos. Caso Gaban recebesse mais cinco, exatamente o número de brancos, a oposição levaria o governo a uma derrota histórica nas eleições para cargos nas Cortes de Contas. 

Rebu Como manda a regra, o presidente da Assembleia, Marcelo Nilo (PDT), determinou uma segunda votação. Já passava das 21h, quando o furdunço tomou conta do plenário. Enquanto a votação transcorria, deputados da oposição berravam e acusavam o governo de obrigar os parlamentares da base aliada a fotografarem seus votos. 

Antes mesmo que os votos fossem contados, por volta de meia-noite, uma briga generalizada tomou conta da Casa. Como mostram as imagens gravadas pela Tv Assembleia, o deputado Elmar Nascimento (PR) espalhou as cédulas de votação. Pouco depois, o deputado Paulo Azi (DEM) atirou a urna para cima. 

“Vou levar isso para o Conselho de Ética, deputado Elmar, deputado Paulo Azi”, gritou Nilo. “No empurra-empurra, eu empurrei a urna, não nego, não. Foi o ápice da revolta que se abateu com aquilo”, admitiu Paulo Azi, que classificou como a “maior vergonha da Casa” a votação que deu vitória a Zezéu por 35 votos, contra 23 de Gaban. A urna foi devolvida à mesa pelo deputado Marcelino Galo (PT), que negou ter fotografado o próprio voto ou ter sido coagido pela liderança do governo. 

O deputado Sandro Régis (DEM), que aparece nas imagens com a mão apoiada no ombro, disse ter rompido um tendão. “Naquela confusão, tomei um esbarrão e aconteceu isso. Com certeza, foi uma atrocidade o que fizeram lá. Naquele momento, eu me senti envergonhado de ser deputado estadual”, declarou.

Acusações
O presidente da Assembleia negou que tenha coagido parlamentares da base a votarem em Zezéu. “Os deputados da oposição queriam que eu proibisse de entrarem na urna com o celular. Eu não posso revistar deputado, não tenho poder de revistar”, disse Nilo. “Eu recebi os deputados do governo e da oposição no meu gabinete, mas cada um vota com o que quer”, argumentou.

Líder do governo na Assembleia, o petista Zé Neto confirmou a reunião com os deputados governistas antes da segunda votação, mas negou que tenha coagido integrantes da bancada. “Chamei a turma, e disse que cada um fizesse a sua escolha. Tivemos uma conversa um pouco dura. A bancada viu que uma coisa era dar um susto e outra era perder uma votação como aquela”, alegou Zé Neto.

Embora as imagens da TV Assembleia mostrem disparos de flash durante a votação, não é possível ver com clareza parlamentares fotografando cédulas. Em entrevista à TV Bahia, Zezéu Ribeiro disse não ter visto nenhum ato que caracterizasse ilegalidade ou que tirasse a legitimidade de sua eleição. 

“Eles só conseguiram nos derrotar com uma fraude eleitoral”, rebateu Gaban, que disse ter presenciado diversos parlamentares registrando imagens em seus celulares na segunda votação. Em entrevista coletiva, Elmar Nascimento distribui fotos de cédulas marcadas, embora não haja nitidez suficiente para identificar, à primeira vista, a autenticidade do material.

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