quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Sucesso de trios sem cordas indica novo caminho para o Carnaval

Exemplo de crescimento do Carnaval popular foi o Furdunço

Carlinhos Brown encerrou o Carnaval do ano passado filosofando: “Corda foi feito para subir montanha, não para andar em fila”. O Cacique travava ali o início de uma discussão que atravessou o último ano e se fortaleceu neste Carnaval: precisamos de cordas?
Daniela Mercury sem cordas ontem, no Campo Grande, 20 anos depois de ter levado o Crocodilo para a Barra: lição de ‘democracia do Carnaval’ (Foto: Marina Silva)
Para o prefeito ACM Neto, a lição tem sido aprendida. “Esse é o Carnaval que tem o maior número de artistas se apresentando sem cordas. O que é que eu acho que fica como um grande sinal para o futuro? O folião quer estar na rua, mas ele precisa de espaço. A gente precisa de fato aprofundar essa retirada das cordas”, afirmou.

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Nas redes sociais, o tema também foi debatido. Com um tom
da necessidade de mudança do modelo, o compositor e cantor do Alavonté, Manno Góes, por exemplo, afirmou em  sua página no Facebook que “o bloco de cordas acabou”, e estimou que poucos blocos hoje se mantêm apenas com o pagamento do associado.

Diferença
O cantor Saulo, que saiu dois dias sem cordas na avenida, diz que há diferença na apresentação para a pipoca. “Você consegue ser mais agregador”, opinou. Margareth Menezes puxando seu projeto Afropop, na Barra,  no domingo, também registrou a diferença nas ruas: “Esse é o Carnaval sem cordas, é nisso que eu acredito”.

Já Daniela Mercury, que voltou ao Campo Grande num trio independente, filosofou: “Estou muito emocionada de voltar aqui com a pipoca. A diversidade e democracia do Carnaval dão lições para o dia a dia da gente”, afirmou.
Foliões curtem livres, leves e soltos a Pipoca do Eva no circuito do Campo Grande. Pezzoni puxou a festa (Foto: Marina Silva)
A sambista Ju Moraes também encerrou sua participação no Carnaval em um trio independente na Barra, no domingo. Ela garante que fez folia em alto estilo para a sua pipoca. “O circuito  da Barra pede uma pompa”, afirmou a cantora. 

HistóriaPara o cantor Igor Kannário, ter saído em trio sem cordas este ano foi uma oportunidade de “entrar para a história do Carnaval”. Quem também aderiu ao movimento foi a Banda Eva. “Hoje a gente vai reviver 35 anos de Eva. Nada mais especial do que celebrar esse momento junto com a pipoca”, disse o vocalista Felipe Pezzoni.

O professor Celso Pereira, 30, esteve na pipoca de Daniela e, na de Saulo, prometeu que não perderia a de Baby Brasil. Ele decidiu que este ano curtiria  “só com o dinheiro da cerveja e de voltar para casa”. “A festa tem que ser do povo e a diferença dos últimos anos do Carnaval é que quem quer sair sem ficar tomando empurrão de cordeiro está tendo opção”.

E não só de pipoqueiros vive a pipoca. Ela reúne quem pagou por um abadá e se junta ao trio independente para curtir mais a festa ou quem vai esquentar  antes do seu bloco passar. É nessa última opção que está o funcionário público Carlos Alberto Leite, 32. “Eu descobri que a Timbalada iria passar de graça, não aguentei. Vim mais cedo fazer a preparação e descer para o Gandhy”,  contou Alberto. 

Furdunço
Exemplo de crescimento do Carnaval popular foi o  Furdunço. A pipoca do trio Armandinho, Dodô e Osmar abriu o evento, na sexta-feira, no Centro. Aroldo Macêdo, guitarrista do grupo, defendeu a iniciativa. “Tava tudo muito mega. De uns anos pra cá, aquele modelo (de cordas) dava sinais de que ia ruir. Tinha que rearrumar para que ficasse mais democrático. O Furdunço pode ser o início disso”, afirmou. Colaborou: Victor Villarpando e Priscila Natividade.
Artistas que saíram sem cordas no carnaval deste ano CIRCUITO DODÔ (BARRA)Luiz Caldas, Parangolé, Carlinhos Brown, Zorra, Seu Maxixe, Caetanave, Ju Moraes, Margareth Menezes, Paulinho Boca de Cantor, Baby Consuelo, Daniel Vieira, Armandinho e Irmãos Macedo, Babado Novo, Luana Monalisa, Carla Cristina, Sylvia Patrícia , Mariene de Castro, Moraes Moreira, Patchanka, É o Tchan, Viviane Tripodi, Microtrio, Chica Fé,  Juan e Ravena, Ara Ketu, Katê, Muzenza, Malê Debalê, Banda Marana, Torres da Lapa, Alexandre Peixe, Ludmillah Anjos, Tomate, Forrozão, Ninha, Filhos de Jorge  CIRCUITO OSMAR (CENTRO)Luiz Caldas, Bell Marques, Saulo, Ara Ketu, Caetanave, Igor Kannário, Daniela Mercury, Banda Eva, Timbalada, Edcity, TH, Ricardo Chaves, A Bronkka, Trio Pop Rock, Samba do Pretinho, Viola de Doze, Baby Consuelo, Edu Casanova, Banda Motumbá, Filosofia de Quintal, Sarajane, A Gente Faz Saúde, Polimania, Projeto Samba Reggae.

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