sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Caruru de Cosme e Damião tem baixa procura por ingredientes

Feirantes de Salvador estão preocupados com a baixa procura dos ingredientes do tradicional caruru de São Cosme e Damião

O mês oficial do caruru tem preocupado os feirantes de Salvador pela baixa procura dos ingredientes necessários para agradar a São Cosme e São Damião em troca das graças alcançadas por seus devotos. 
Na semana em que se rende homenagem aos santos
gêmeos, as vendas não estão com a mesma fartura que faz borbulhar o panelão de caruru - prato principal das comemorações na intenção dos santos, reverenciados pela Igreja Católica no dia 26 de setembro e pelo Candomblé no dia 27.
Mariana e Jorge, unidos no casamento, no tradicional caruru e na devoção por São Cosme e São Damião
(Foto: Robson Mendes)
O comerciante Pedro Paixão comenta que o movimento de clientes está mesmo devagar. Para ele, as vendas ainda não esquentaram por conta da devoção, que pode ter mudado até de religião. “Eu acho que as pessoas estão partindo para outra religião cada vez mais e deixando esta tradição de lado”, opina.
Sobe e desce
O CORREIO não tinha nenhuma promessa em dívida com São Cosme e São Damião, mas, mesmo assim, foi à feira, como manda a tradição, em busca dos melhores preços. Durante a passagem pelo Mercado do Rio Vermelho, Feira da Sete Portas e na Feira de São Joaquim encontrou uma variação significativa, mesmo com o movimento fraco de clientes. E viu que, além de juntar os sete meninos, o consumidor vai ter que barganhar.
“Eu tenho este preço hoje, mas amanhã já não sei se será o mesmo. Cada vez que a gente busca a mercadoria no fornecedor é um valor diferente. Mas, se vier conversar, a gente faz um jogo para o freguês”, garante o vendedor Uemerson Cruz.
Na Feira de São Joaquim, o camarão graúdo sai por R$ 26. O mesmo camarão no Mercado do Rio Vermelho chega a R$ 35. Na Feira da Sete Portas, R$ 28. Na hora de comprar o quiabo vale a mesma reza, se quiser o melhor preço.
“Hoje está por R$ 8, mas daqui até o fim de semana o quiabo sobe mesmo, pode chegar a R$ 10, ou mais”, adianta a feirante Raimunda de Jesus, que na semana passada vendia o mesmo vegetal por R$ 7. Para o feirante Barbosa dos Santos, há um esforço em segurar os preços para aumentar a procura dos produtos, porém, a variação é difícil de controlar.
“Eu vendo meu camarão há um mês pelo mesmo preço. Mas nesta época de Cosme e São Damião fica complicado segurar o aumento, aí não se sabe se o freguês vai encontrar esse mesmo valor no dia seguinte”.
Proteção
O casal Jorge Araújo e Mariana Conceição faz o caruru para os amigos e familiares há 7 anos. “São Cosme e São Damião intercedem pela gente e nos ajudam em todos os momentos”, justifica Mariana.
O caruru de 3 mil quiabos é feito para 250 a 300 pessoas. “Vem todo mundo sábado: amigo, amigo de amigo, vizinhos, nossa família. O caruru que a gente faz é de lei”, assegura Jorge. O casal gasta entre R$ 700 e R$ 800 com o banquete. “A recompensa está na proteção que recebemos em troca”, completa Mariana.
Venerados na tradição católica como santos adultos que praticaram a medicina, no Candomblé, Cosme e Damião são conhecidos como ‘santos meninos’ e louvados como Ibejis, divindades gêmeas que representam a infância.

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